terça-feira, 21 de setembro de 2021

A Comissão de Valorização das Novas Lideranças agora está no site da SBEM!

 



Gostaríamos de agradecer a todos que acompanham o blog da Comissão de Valorização de Novas Lideranças. Seguiremos trabalhando para publicar conteúdos de relevância e qualidade, mas a partir de agora os textos serão disponibilizados diretamente no site da SBEM (www.endocrino.org.br/). 


Dra Tayane Muniz Fighera

CREMERS 32014/ RQE 27144 - 28021



sábado, 27 de março de 2021

O papel da Endocrinologia na pandemia da COVID-19

 

                                                    
 Pixabay

Muitos membros desta sociedade fizeram e ainda fazem parte do grupo de profissionais que está atuando incansavelmente na pandemia da COVID-19. Com início em dezembro de 2019 em Wuhan, China, a infecção se propagou e paralisou o mundo, gerando ansiedade, medo e instabilidade. Grande parte dos recursos da saúde foram destinados ao combate da infecção pela COVID-19, e a princípio, a Endocrinologia pouco teria a contribuir com uma doença que afeta primariamente o sistema respiratório. Frente ao agravamento da pandemia, muitos médicos foram deslocados para diferentes setores onde os recursos humanos eram necessários, e colegas que por muito tempo dedicaram-se a estudar e trabalhar em sua área de atuação foram designados para atendimento de pacientes com infecção pela COVID-19. Com isso veio não apenas a exposição biológica pessoal e de familiares, mas também o desafio de prestar um atendimento de qualidade a uma doença desconhecida e potencialmente fatal. Então era necessário substituir os artigos de insuficiência adrenal, metabolismo ósseo e hipotireoidismo por artigos de pneumonia viral, infecção respiratória aguda e sepse. Reduzir ou suspender os atendimentos ambulatoriais e atender emergências e unidades de terapia intensiva. E não foi apenas com a força de trabalho que a Endocrinologia colaborou durante a pandemia. Diabetes e obesidade foram precocemente reconhecidos como fatores associados a maior morbidade e mortalidade em pacientes com pneumonia viral. Nesses casos, o suporte multidisciplinar para melhor controle glicêmico de pacientes internados foi importante e necessário, especialmente pelo uso frequente de corticoides sistêmicos.

A Sociedade de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), frente a uma série de informações desencontradas e de qualidade questionável, buscou posicionar-se em conjunto com outras sociedades médicas através de notas oficiais defendendo o uso de máscaras para reduzir a transmissão do vírus (https://www.endocrino.org.br/sociedades-medicas-pelo-uso-de-mascaras/), informando sobre os riscos do uso indiscriminado de vitamina D (https://www.endocrino.org.br/media/posicionamento_sbem_e_abrasso_-_vitamina_d_e_covid-19_final_(1).pdf; https://www.endocrino.org.br/sbem-e-mp-contra-pseudociencia/) e de dexametasona (https://www.endocrino.org.br/media/comunicado_sbem_dexametasona_e_covid_19.pdf), e apoiando as recomendações de tratamento da COVID-19 baseadas nas melhores evidências disponíveis (https://www.endocrino.org.br/media/carta_apoio_sbi_final.pdf). Além disso, buscou manter eventos de alta qualidade em formato virtual, compatíveis com as circunstâncias atuais.

Neste momento de tristeza e dor, a SBEM deseja homenagear todos os médicos endocrinologistas que estão atuando diretamente na pandemia da COVID-19. É motivo de orgulho ver tantos colegas deslocados de suas áreas de atuação dedicando-se de forma incansável a esta batalha.

Certamente este momento da história ficará na memória de todos. E raros são os momentos da vida em que é possível fazer parte da história. Aos bravos colegas nossa homenagem e reconhecimento em nome de toda a SBEM.

 

Dra Tayane Muniz Fighera

CREMERS 32014/ RQE 27144 - 28021

 

 

quarta-feira, 3 de março de 2021

Hipertensão arterial: o inimigo silencioso do diabético

 

                                                                                                                      Fonte: Pixabay

Doenças cardiovasculares (DCV) são a primeira causa de morte em pacientes com diabetes (DM), sendo o DM um fator de risco independente para DCV. Há, ainda, fatores agravantes que contribuem para aumento do risco cardiovascular destes pacientes, tais como hipertensão, dislipidemia, albuminúria, obesidade e tabagismo, que devem ser sistematicamente pesquisados e controlados, a fim de reduzir o risco destes pacientes.

A hipertensão arterial sistêmica está presente em 40% dos pacientes que recebem diagnóstico de DM. É definida como pressão arterial sustentada igual ou maior a 140/90mmHg, sendo a terapia anti-hipertensiva capaz de reduzir eventos cardiovasculares e a incidência e evolução das complicações microvasculares do DM.

Pacientes com DM tipo 1 e 2 devem ser tratados visando um alvo menor do que 140/90 mmHg. No entanto, este alvo deve ser individualizado de acordo com o risco cardiovascular desses indivíduos. Para pacientes diabéticos com alto risco para doenças cardiovasculares, como aqueles com DCV aterosclerótica estabelecida, ou risco cardiovascular em 10 anos maior ou igual a 15%, deve-se visar um alvo menor do que 130/80mmHg. Pacientes portadores de DM com risco cardiovascular <15% podem ter um alvo menor do que 140/90mmHg. Esse risco pode ser calculado através de ferramentas como tools.acc.org/ASCVD-Risk-EstimatorPlus. No entanto, a terapia anti-hipertensiva deve ser individualizada, pesando os riscos de efeitos colaterais, tais como hipotensão, risco de quedas, hipercalemia e piora de função renal especialmente em pacientes idosos, nefropatas e naqueles com muitas comorbidades e polifarmácia, podendo-se considerar um alvo maior para essa população.  

Em pacientes refratários a mudanças de estilo de vida com nível pressórico entre 140/90 mmHg e 159/99 mmHg, deve-se considerar o início apenas de um anti-hipertensivo. Nível pressórico superior a 160/100mmHg habitualmente requer terapia inicial com associação de duas drogas. As drogas usadas preferencialmente são os bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona, diuréticos tiazídicos e bloqueadores de canais de cálcio dihidropiridínicos. Após introdução de inibidores da da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores de receptor de angiotensina (BRA), deve-se ter o cuidado de monitorizar os níveis de potássio sérico e função renal, especialmente em idosos e nefropatas. Para pacientes com doença coronariana prévia ou albuminúria (relação albumina/creatinina urinárias >30 mg/g), a terapia inicial deve incluir IECA ou BRA, uma vez que comprovadamente reduzem eventos cardiovasculares e progressão de doença renal crônica. Beta-bloqueadores são indicados se há histórico de infarto miocárdico, angina ou fração de ejeção reduzida.

Para diagnóstico de hipertensão e verificação do controle pressórico, as medidas do auto monitoramento domiciliar e da monitorização ambulatorial da pressão arterial se correlacionam melhor com risco cardiovascular do que as medidas de consultório isoladas.

Como endocrinologistas, devemos ser capazes de diagnosticar e tratar adequadamente não só o DM, como também as comorbidades associadas que podem levar nossos pacientes a desfechos desfavoráveis! Fiquem atentos e acompanhem nossas postagens para saber mais!

DOI:

                                                                                                           Dra Patrícia Moreira Melo

                                                                                                   CRM PI 3484 - RQE 1483/3732

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Por que fazer parte da SBEM?

 

 Fonte: Pixabay 

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia, que adota a sigla SBEM, é uma associação civil fundada em 1950, sem fins lucrativos. Considerada uma associação de especialidade médica, é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

A SBEM tem como objetivo conceder, juntamente com a AMB, o Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia e os certificados em áreas de atuação afins. Além disso, através de eventos científicos de qualidade e da revista oficial da entidade (Archives of Endocrinology and Metabolism), a SBEM busca incentivar a pesquisa científica e integrar os profissionais médicos, pesquisadores, docentes e alunos de graduação com interesse na especialidade. Uma vez associado, é possível acessar periódicos, palestras, cursos de educação continuada e comunicados exclusivos. São direitos do associado ter seu nome divulgado no site da Associação, divulgar sua condição de associado da SBEM com recursos privados e utilizar-se de consultorias, departamentos ou comissões especializadas mantidas pela sociedade.

Em um momento em que tantas informações são disponibilizadas para a população, muitas vezes sem evidências sólidas e/ou embasamento científico, a SBEM tem como objetivo divulgar dados de interesse público utilizando recursos e veículos de mídia social oficiais da entidade. Para isso, conta com um grupo de especialistas em diferentes departamentos, que trabalham com grande responsabilidade junto à sociedade no desenvolvimento e divulgação destas informações. Através destas e outras medidas, a SBEM tem promovido o combate aos desvios ético-profissionais, à propaganda ou publicidade enganosa ou sem base científica, em colaboração com os Poderes Públicos, organizações não governamentais ou sociais. Na diretoria atual 2021/2022, trabalham com esta finalidade a Comissão de Ética e Defesa Profissional e a Comissão de Defesa de Assuntos Profissionais.

Nós, da Comissão de Valorização de Novas Lideranças, deixamos aqui uma mensagem aos novos endocrinologistas, profissionais com interesse na especialidade e alunos de graduação: Fazer parte da SBEM fortalece a sociedade e a sua representatividade para defender e valorizar os associados na sua atividade profissional. A SBEM depende da contribuição e do engajamento dos associados para continuar zelando pelo nível ético, qualidade científica, eficiência técnica e sentido social do exercício profissional da Endocrinologia e Metabologia.

Estatutos da SBEM. Disponível em https://www.endocrino.org.br/Estatutos/. Acesso em 02 de fevereiro de 2021

Dra Tayane Muniz Fighera

CREMERS 32014/ RQE 27144 - 28021

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Quer se tornar um Endocrinologista?

A Endocrinologia é uma área relativamente nova no Brasil. A primeira Sociedade de Endocrinologia e Metabologia foi fundada em 1950 na cidade do Rio de Janeiro. No entanto sua história advém desde uma escultura que data de 22.000 anos A.C. chamada Vênus de Willendorf que retrata uma mulher obesa, e posteriormente com as descrições de órgãos endócrinos, de suas secreções e disfunções. Era vista como uma especialidade que buscava entender a fisiologia e fisiopatologia das glândulas endócrinas e seus efeitos em órgãos alvos, tratando as doenças hormonais a fim de restabelecer o equilíbrio do organismo. No entanto com o avanço das pesquisas, hoje sua ação se estende para conhecer os efeitos das comunicações intercelulares, os genes, e os efeitos das ligações das proteínas e receptores secundários à sua expressão, a fim de não apenas tratar, mas prevenir as doenças e suas complicações.

                                                                                         
   Fonte: Pixabay

São diversos os sistemas em que esta especialidade atua, como o metabolismo dos macronutrientes, tratando diabetes, dislipidemias, obesidade, hipoglicemias e outras doenças mais raras. Atua nas patologias do sistema reprodutor como alterações do ciclo menstrual, puberdade, fertilidade, menopausa, andropausa, hirsutismo, dentre outros. Atua em alterações do crescimento e desenvolvimento. Em doenças da tireoide que podem acometer até 20% da população em determinada faixa etária, além de distúrbios do metabolismo ósseo, das glândulas supra-renais e hipófise, dentre outras glândulas

Muitas dessas patologias têm caráter crônico com aumento de prevalência ao longo da vida, o que associada a busca por um corpo saudável e a popularização dos cuidados em saúde, geram uma demanda importante nos consultórios de endocrinologia.

O endocrinologista pode trabalhar em consultório ou clínicas, centros laboratoriais, em unidades de internação ou ambulatorial públicas ou particulares, ou se dedicar a docência ou centros pesquisa contribuindo para o desenvolvimento da especialidade.

Para se tornar um endocrinologista são necessários a graduação em Medicina que dura em média 6 anos, dois anos de residência médica em Clínica Médica e dois anos em Endocrinologia. Ou ainda, ter atuação médica durante 8 anos, sendo que destes 4 anos na área de clínica médica, e 4 anos na área de Endocrinologia, e obter o título de especialista perante a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Se você tiver interesse na área, acompanhe o nosso blog. Durante os próximos dois anos, faremos diversas postagens de temas e casos relacionados à área.

 

Dra Patrícia Moreira Melo

CRM/PI 3484, RQE 1483/3732



https://endocrinenews.endocrine.org/march-2015-why-endocrinology/

https://www.endocrino.org.br/areas-da-endocrinologia/

Valle, José Procópio do. (2002). Histórico da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia: Fundada em 1.9.1950. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia&Metabologia. 2002; 46(5), 582-92.

Medeiros-Neto, Geraldo. Breve história da Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. RevMed (São Paulo). 2006 jul.-set.;85(3):114-8.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Mensagem de final de ano das #NovasLiderancasSBEM

O ano de 2020 ficará na memória, mas não fará parte das nossas melhores lembranças. Foram longos meses marcados por distanciamento social, angústia e despedidas prematuras. Insegurança e incertezas persistem, e a dor da saudade ainda se estenderá por muito tempo. Mas o Natal e um novo ano estão se aproximando, trazendo a renovação da Fé e a esperança pelas vacinas que estão a caminho. Dias melhores virão muito em breve!

Apesar das dificuldades, a Comissão de Valorização de Novas Lideranças (CVNL) da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) alcançou os principais objetivos traçados para 2020. Continuamos atuantes nas mídias sociais, trazendo informações seguras para a população, com o respaldo dos Departamentos Científicos da Sociedade, aos quais agradecemos. 

O livro TEEM Volume II – Preparação para Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia também foi lançado. Os dois volumes totalizam 600 questões de múltipla escolha e 60 casos clínicos comentados das provas do TEEM de 2014 a 2019. Um legado construído a muitas mãos e que certamente ajudará diversos colegas a obterem da Associação Médica Brasileira (AMB) e da SBEM o reconhecimento da sua excelência como especialistas.




Parabenizamos o Dr. Rodrigo Moreira, presidente da SBEM, pela inspiradora liderança da nossa Sociedade durante tempos tão difíceis. Obrigado por ter nos confiado a CVNL durante a sua gestão, honrando o lema “unir para crescer, crescer para valorizar”.

Nesta última semana como presidente da CVNL, queria agradecer aos amigos Ricardo Mendes Martins e Mateus Dornelles Severo pela parceria e empenho colossais! Vocês foram incríveis! A você, Mateus, desejo muita habilidade e sorte para conduzir a CVNL no biênio 2021/2022. Tenho certeza de que você fará um trabalho brilhante, e de que ele se dará sob dias melhores para todos nós. Conte com o meu apoio!

Por fim, agradecemos a cada um de vocês pelas palavras de incentivo, sugestões e parceria na missão de compartilhar informações seguras na Endocrinologia. Vocês fazem todo o nosso trabalho valer a pena!

Feliz Natal e um ano novo repleto de esperança, saúde e prosperidade!

Dr. Wellington Santana da Silva Júnior
Presidente da CVNL da SBEM - Biênio 2019/2020
Prof. Adjunto da Disciplina de Endocrinologia da UFMA
CRM-MA 5188 - RQE 2739

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Hipertireoidismo durante a gravidez

Doença pouco frequente em gestantes


O hipertireoidismo é o estado de hiperfuncionamento da glândula tireoide, isto é, de produção aumentada de hormônios. Felizmente, não é uma doença frequente em grávidas. Estima-se que no máximo 4 de cada mil gestantes tenham a gravidez complicada por hipertireoidismo.



Atenção aos sintomas!


Durante a gravidez, os sintomas de hipertireoidismo podem se confundir com os sintomas da gestação, já que taquicardia, intolerância ao calor e excesso de suor são frequentes nas futuras mamães. Contudo, sintomas como ansiedade, tremores, perda de peso, bócio e olhos saltados, sugerem doença na tireoide com maior probabilidade.



Complicações da gestação podem acontecer


Entre as complicações associadas ao hipertireoidismo durante a gestação estão aborto espontâneo, trabalho de parto prematuro, baixo peso ao nascer, prematuridade, pré-eclampsia e insuficiência cardíaca.



Exames de sangue fazem o diagnóstico


O diagnóstico de hipertireoidismo durante a gravidez é facilmente estabelecido através de exame de sangue. Níveis de TSH menores que 0,1 mU/L, acompanhados de níveis elevados de T4 livre ou T3 livre para o período gestacional, confirmam o diagnóstico.



O tratamento não é o mesmo para todas as gestantes


O tratamento é individualizado e depende da gravidade do caso e do período gestacional. Habitualmente são usados medicamentos que bloqueiam a produção de hormônios pela tireoide, já que o iodo radioativo está contraindicado.



Referências:

1- Ross DS. Hyperthyroidism during pregnancy: Clinical manifestations, diagnosis, and causes. UpToDate.

2- Alexander EK, Pearce EN, Brent GA, et al. 2017 Guidelines of the American Thyroid Association for the Diagnosis and Management of Thyroid Disease During Pregnancy and the Postpartum. Thyroid 2017; 27:315.



Dr. Mateus Dornelles Severo

Médico Endocrinologista

Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS

CRM-RS 30.576 - RQE 22.991



Texto revisado pelo Departamento de Tireoide.

sábado, 20 de junho de 2020

Testosterona em mulheres: dosar ou não dosar?

A dosagem e reposição de testosterona nas mulheres é um tema bastante atual e um dos motivos que as fazem procurar atendimento médico. Embora ainda existam lacunas na literatura médica, muitos dados já estão bem definidos.

Um dos pontos que gera muita confusão e custos desnecessários em grande parte dos casos é a dosagem laboratorial da testosterona. A dosagem da testosterona no sangue, em laboratórios comerciais, é sujeita a diversos “erros” provocados pelos métodos que são utilizados, o que tornam valores abaixo de 150 ng/dL muito imprecisos, situação na qual se encontram, habitualmente, mulheres e crianças.
Pesquisa realizada pelo Colégio Americano de Patologistas procurou avaliar a precisão diagnóstica da dosagem de testosterona por métodos comercialmente disponíveis. Uma mesma amostra de sangue foi enviada a diversos laboratórios e o coeficiente de variação entre os laboratórios utilizando uma mesma metodologia variou de 13-32% em mulheres normais. Esses números demonstram uma confiabilidade inaceitável na dosagem de testosterona na mulher normal, o que compromete de fato a sua utilidade clínica. 

Imagem: Wikimedia Commons

Se existe tanta possibilidade de erros e imprecisão, por que dosar? Vamos fazer algumas perguntas para responder essa questão:


Seriam erros laboratoriais ou laboratórios sem competência?

Não, todos foram feitos em laboratórios de ponta. Essa diferença se dá pela limitação própria dos métodos que usamos para fazer as dosagens. Existem métodos mais acurados para a dosagem de testosterona, mas são caros e frequentemente não disponíveis na maioria dos laboratórios


Se existe tanta imprecisão, por que dosar a testosterona em mulheres?

As únicas indicações da dosagem de testosterona em mulheres estão ligadas à possibilidade de excesso de testosterona ou no acompanhamento da terapia com testosterona, quando indicada e instituída.

Suspeitamos de excesso de testosterona quando há excesso de oleosidade de pele, acne, calvície, aumento de pelos, aumento de massa muscular, irregularidade ou parada da menstruação, atrofia mamária, aumento do libido, alteração no tom da voz e aumento do tamanho do clitóris.  Esses sinais e sintomas podem ser encontrados nas doenças e nos tumores de adrenal e de ovários que produzem testosterona em excesso.

Nos casos onde há sintomas clínicos, frequentemente as dosagens da testosterona são elevadas e podem ultrapassar o valor de 200 ng/dL, o que aumenta a precisão da avaliação laboratorial a qual, aliada à clínica, nos traz o diagnóstico de uma síndrome hiperandrogênica.


Toda mulher deve dosar testosterona?

Não, a dosagem da testosterona na mulher deve ser realizada apenas naquelas onde há suspeita de ter seus níveis aumentados, ou seja, no contexto de sintomas clínicos sugestivos de hiperandrogenismo.


O custo do exame é irrelevante?

Não. Surpreendentemente, uma avaliação realizada por uma operadora de saúde na cidade de Curitiba verificou que se gastou mais com a dosagem de testosterona nas mulheres do que com os homens - valores na cifra de R$ 2.400.000,00 no período de avaliação de 1 ano.



Este problema de precisão ocorre somente com a testosterona ou com outros hormônios também?

Em geral, quanto menor o nível de circulação do hormônio, menor a precisão da sua análise. Sendo assim, qualquer hormônio de ação masculinizante (androgênios), na mulher, só deve ser dosado na suspeita de excesso dele, e não na falta. Exemplos de dosagens hormonais de androgênios que não devem ser realizadas sem uma indicação precisa: DHEA, sulfato de DHEA, androstenediona, 17-OH progesterona, di-hidrotestosterona.


Se não dá para dosar níveis baixos, como definir se devo ou não repor testosterona?

A reposição de testosterona na mulher é ponto bastante controverso. Não há uma correlação direta entre os sintomas de hipogonadismo e os níveis séricos de testosterona. Por esse motivo e pela baixa acurácia da dosagem, a mesma não deve ser dosada.

O diagnóstico presumível de deficiência deve ser feito com base unicamente na história clínica. Dados relevantes como queixas sexuais, história reprodutiva/menopausa, sintomas sugestivos de insuficiência adrenal e passado de cirurgias em adrenal e ovários são informações que devem sempre ser questionadas.

As sociedades científicas divergem quanto à utilidade da reposição de testosterona na mulher. Os estudos são limitados em número de pacientes, demonstram resultados discordantes e os efeitos a longo prazo da reposição da testosterona ainda são desconhecidos, fazendo com que a indicação de repor esteja reservada para casos bastante específicos. Para o Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da SBEM, o “Transtorno da Excitação e do Desejo Sexual Hipoativo” é a única indicação para uso da terapia com testosterona na mulher. É uma entidade clínica que precisa ser bem caracterizada através de um escore de sintomas. Tais manifestações precisam estar associadas a sofrimento pessoal e por um período superior a 6 meses. Caso se opte pelo tratamento, essa escolha deve ser individualizada com o seu médico, já que não existem formulações específicas para a população feminina no mercado brasileiro. Desencoraja-se o uso de implantes hormonais nesse contexto. Se benefícios clínicos não forem observados em um período de uso de 3-6 meses, a terapia deve ser interrompida.


Concluindo

Nos casos em que existe a suspeita de excesso de testosterona, a dosagem de testosterona e eventualmente algum outro andrógeno deve sempre ser considerada, com o intuito de se identificar a causa dessa alteração hormonal.

Já nos casos em que se suspeita de baixos níveis de testosterona ou andrógenos, a dosagem, além de ser inútil, gera custos desnecessários e pode levar a um diagnóstico incorreto com tratamentos que podem ser prejudiciais.


Referências:

1- Endocrine Society. Utility, limitations, and pitfalls in measuring testosterone: an Endocrine Society Position Statement. J Clin Endocrinol Metab. Feb 2007;92(2):405–13.
2- Endocrine Society. Androgen therapy in women - a reappraisal: an Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. Oct 2014;99(10):3489–510.
3- Weiss RV et al. Testosterone therapy for women with low sexual desire: a position statement from the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism. Arch Endocrinol Metab. 2019;63(3):190-8.
4- Davis SR et al. Global Consensus Position Statement on the use of testosterone therapy for women. Climacteric. 2019;22(5):429-34.
5- Testosterone therapy for menopausal women. Drug Ther Bull. 2017;55(5):57-60.

Dr. Emerson Cestari Marino
Médico Endocrinologista
CRM-PR 31.440 - RQE 17.221

Texto revisado pelo DEFA.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O uso de anabolizantes interfere na sexualidade?

Testosterona, seus derivados e libido

A resposta para esta pergunta é sim, porém esta interferência tem aspectos bastante antagônicos.

Se, por um lado, os esteroides anabolizantes, principalmente representados pelo hormônio testosterona e seus derivados sintéticos, podem ter efeito estimulatório sobre a libido, por outro trazem consequências que, em longo prazo, podem reduzi-la, além de outros efeitos deletérios ao organismo que serão listados a seguir:



Efeitos dos anabolizantes no organismo

O uso de anabolizantes pode provocar dependência química e psíquica, assim como outras drogas, ainda provocar disfunções em outros órgãos, como coração, fígado, rins, pele e órgãos sexuais.

Levando em consideração a sexualidade, vamos especificar a ação dos anabolizantes na parte física, comportamental, no sistema reprodutor e o cardiovascular.

O efeito androgênico dos anabolizantes provoca aumento da oleosidade da pele, acne e queda de cabelo, como principais efeitos colaterais, além da masculinização que ocorre nas mulheres, representada principalmente e pelo aumento do clitóris e do timbre vocal. Nos homens podemos ter aumento das mamas, chamado de ginecomastia.

No comportamento, temos um aumento dos transtornos de humor, como depressão, da agressividade e impulsividade, com registros até de aumento da criminalidade e casos de violência, além da dependência química e psíquica, com demandas por doses cada vez maiores, buscando sentir os mesmos efeitos do início do uso, assim como acontece, por exemplo,  com uso  de drogas como cocaína e crack. Alterações do sono como apneia obstrutiva também podem ser identificados.

No sistema reprodutor temos a inibição da liberação de hormônios chamados gonadotrofinas, que são liberados pela glândula hipófise, e controlam o funcionamento dos testículos e ovários, podendo levar desde distúrbios menstruais, prejudicando a fertilidade nas mulheres até interrupção definitiva da produção de testosterona e espermatozoides nos homens, levando à impotência e também infertilidade, e ainda sintomas do aumento da glândula prostática.

A função sexual está diretamente ligada e dependente da integridade do sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos), neste caso, o uso de anabolizantes, tanto os similares à testosterona, quanto do hormônio do crescimento, trazem consequências drásticas ao coração e artérias.

No músculo cardíaco especificamente, diversos estudos mostram disfunção, com aumento do tamanho cardíaco, perda de força e desenvolvimento de insuficiência cardíaca no longo prazo.

Já nas artérias, pode ocorrer aumento da pressão arterial, do estímulo a deposição das placas de gordura (aterosclerose) devido a piora do perfil lipídico (colesterol), que levam ao aumento de risco para infarto agudo do miocárdio, AVE (AVC/derrame), além de eventos em membros inferiores e rins.  Outra alteração fisiopatológica com o uso da testosterona é o estímulo à eritrocitose, que leva ao aumento da viscosidade do sangue, podendo contribuir para os fenômenos tromboembólicos.


Mais prejuízos do que benefícios

Portanto, a busca pelo corpo ideal, maior vigor físico e melhor desempenho sexual através do uso de anabolizantes, passa a ser contraditório quando temos conhecimento dos efeitos deletérios destas substâncias em nosso organismo em longo prazo. Nos restringindo a sexualidade, alertamos que o uso pode provocar a perda de libido, infertilidade e outras alterações físicas e mentais não desejadas. 

Referências: 
1- Off-label use and misuse of testosterone, growth hormone, thyroid hormone, and adrenal supplements: risks and costs of a growing problem. Endocrine Practice vol 26 no. 3 march 2020.
2- Compounded Bioidentical Hormones in Endocrinology Practice: An Endocrine Society Scientific Statement. J Clin Endocrinol Metab 101:1318-1343, 2016.

Dr. Emerson Cestari Marino
Médico Endocrinologista
CRM-PR 31.440 - RQE 17.221

Texto revisado pelo DEFA.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Hipogonadismo masculino tardio

Hipogonadismo masculino refere-se a uma síndrome clínica que resulta da incapacidade dos testículos de produzirem concentrações normais de testosterona e/ou de produzirem quantidade adequada de espermatozoides. No homem, os níveis de testosterona, que é o principal hormônio sexual masculino, reduzem com a idade, porém geralmente permanecem dentro do valor de normalidade e não promovem sinais ou sintomas clínicos.

O diagnóstico do hipogonadismo masculino é realizado quando há sinais e sintomas clínicos compatíveis + baixos níveis de testosterona no sangue. O rastreamento de rotina do hipogonadismo masculino na população geral não é recomendado. As dosagens hormonais não devem ser realizadas em homens que estiverem na vigência ou em recuperação de uma doença aguda, ou em uso temporário de medicações que interferem no eixo gonadal 

A coleta de sangue para dosagem de testosterona, quando indicada, deve ser feita entre 7 e 10 horas da manhã em jejum. Em caso de níveis diminuídos, a dosagem deve ser repetida em uma segunda amostra com no mínimo 15 a 30 dias.

Os sinais e sintomas de deficiência de testosterona não são específicos e modificam com a idade, outras doenças, gravidade e duração da deficiência hormonal, características individuais e uso prévio de terapia hormonal com testosterona. Os principais sinais e sintomas são descritos abaixo.

A falta deste hormônio sexual pode ter várias causas e, algumas delas podem ser reversíveis. Entre as causas comuns estão: obesidade, diabetes mellitus, uso de medicamentos, uso de esteroides anabolizantes, doenças específicas e até tumores do sistema endócrino, sendo fundamental não somente tratar a falta do hormônio, como tratar a causa desta falta.

A testosterona tem importância em diversas funções do organismo, além da sexual. A falta ou o excesso deste hormônio podem trazer consequências graves como alterações na produção de glóbulos vermelhos, na força e massa muscular e óssea, além das funções do coração, artéria e veias.

Imagem: Pixabay

Para auxiliar você em suas dúvidas, vou responder a algumas perguntas frequentes:

1 - Qual o nome correto: Andropausa, DAEM ou hipogonadismo tardio?

No homem, diferentemente da mulher, não existe parada da produção de hormônio sexual, portanto o termo “andropausa” não é adequado. Com o envelhecimento ocorre diminuição da produção hormonal podendo, em alguns casos, atingir níveis considerados inadequados e promover sintomas de falta do hormônio masculino. Os termos DAEM (deficiência androgênica do envelhecimento masculino) e hipogonadismo masculino tardio são os mais adequados e frequentemente utilizados na prática clínica. 

2 - Quem precisa dosar a testosterona?

Não se recomenda a dosagem rotineira de testosterona na população geral masculina. Indica-se a investigação naqueles homens com sinais e sintomas de baixos níveis de testosterona como:
- Desenvolvimento sexual atrasado ou incompleto
- Perda de pelos corporais, como axilares e pubianos
- Testículos muito pequenos (geralmente inferiores a 6 ml)
- Redução da atividade e do desejo sexual (libido) 
- Diminuição das ereções espontâneas
- Disfunção erétil
- Aumento do volume mamário (ginecomastia)
- Infertilidade
- Sensação de “calorões” e suor excessivo
- Redução da: energia, motivação, iniciativa e autoconfiança (não justificada por outras causas)
- Sensação de tristeza, mudança de humor e sintomas depressivos persistentes
- Aumento da gordura corporal
- Fraturas ósseas por baixo trauma e redução da densidade mineral óssea
- Redução da massa muscular
Também devem ser avaliados individualmente os pacientes com histórico de uso de medicamentos que possam interferir nos níveis hormonais masculinos como opioides e corticoides e aqueles que suspenderam o uso de esteroides anabolizantes e apresentem sinais e sintomas de falta do hormônio.

3 - Somente a falta de testosterona pode dar estes sintomas?

Não, os sinais e sintomas de deficiência de testosterona não são específicos e a avaliação médica especializada é imprescindível para definir a causa e descartar outras situações como: estresse, problemas no relacionamento e outras doenças ou situações que podem causar os mesmos sintomas.

4 - Se eu não tiver falta de hormônio e usar testosterona, pode fazer mal?

Sim, os estudos específicos têm demostrado que os indivíduos que utilizam testosterona em excesso ou sem necessidade apresentam riscos importantes à saúde, tais como maior risco de: morte, infartos, AVC (derrame), trombose, hepatite por uso de medicamento, reações alérgicas, aumento do tamanho da próstata, redução da produção de espermatozoides, redução do tamanho dos testículos, aumento da oleosidade da pele e acne, roncos e apneia do sono.

5 - Com apenas 1 dosagem de testosterona e sintomas, posso iniciar tratamento?

Não é indicado.
A dosagem de testosterona, como as de outros hormônios, pode sofrer diversas interferências de medicamentos, situações pessoais, estresse e doenças recentes, assim, sempre deve ser repetida antes de tratar. Um simples resfriado pode alterar a dosagem de diversos hormônios e os sintomas da deficiência não são específicos.

6 - Se eu iniciar o tratamento, devo tratar por toda a vida?

Não necessariamente. 
Caso tenha a causa revertida, como por exemplo o controle do diabetes mellitus, a perda de peso ou o controle de um tumor endócrino, existe uma chance grande de seus níveis de testosterona voltarem ao normal e seu médico poderá avaliar a possibilidade de suspender do tratamento. Por isso é imprescindível tratar a causa da falta de hormônio e realizar o acompanhamento corretamente.

7 - Qual o melhor tratamento?

No Brasil, há a disponibilidade de formulações de testosterona em gel para aplicação na pele e de injeções intramusculares com diferentes intervalos de aplicação e duração do efeito. Cada formulação tem a sua indicação e deve ser avaliada de forma rigorosa e individualizada com o seu médico. Não é indicado o uso de testosterona em forma de comprimidos via oral e não é aconselhado o uso das formulações manipuladas. O uso via oral aumenta muito a chance de hepatite por medicamento e a manipulação pode sofrer diversas interferências, sendo recomendadas as formulações já prontas. Alguns casos específicos podem ser utilizados outros medicamentos com efeito no eixo hormonal masculino com o intuito de melhorar a fertilidade e/ou a produção interna da testosterona. Medicações ditas naturais não mostraram benefício claro e segurança no tratamento até o momento e o seu uso deve ser desencorajado.
Não existem implantes aprovados para reposição de testosterona.

8 - A reposição de testosterona interfere na fertilidade?

Sim. Com o uso exógeno de testosterona, existe a possibilidade de diminuição e até mesmo a parada de produção de espermatozoides, que pode ser temporária ou permanente. Caso exista o desejo de fertilidade, o tratamento deve ser discutido com seu médico e optado pela melhor abordagem terapêutica para você. 

Referências:
1- Endocrinologia Feminina e Andrologia – 2ª Edição – Ruth Clapauch – Editora Guanabara Koogan – Rio de Janeiro – 2016
2- Manual de Condutas Práticas em Endocrinologia e Metabologia – Rômulo Augusto dos Santos, Emerson Cestari Marino, Renata Gonçalves Campos – THS Editora – São José do Rio Preto – 2013
Testosterone Therapy in Men With Hypogonadism: An Endocrine Society* Clinical Practice Guideline, J Clin Endocrinol Metab, May 2018, 103(5):1–30

Dr. Emerson Cestari Marino
Médico Endocrinologista
CRM-PR 31.440 - RQE 17.221

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Coronavírus e tireoide

Considerando a pandemia COVID-19 e a procura frequente de informações confiáveis por pacientes e familiares de portadores de doenças tireoidianas, o Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia sente-se no dever de prestar alguns esclarecimentos, conforme abaixo:



I. Os pacientes com doenças de tireoide devem seguir as mesmas orientações do Ministério da Saúde destinadas à população geral, ressaltando-se a necessidade de manter o bom controle, tanto do hipotireoidismo quanto do hipertireoidismo. Se necessário, recomenda-se procurar auxílio do seu endocrinologista para atualizações necessárias.

II. Pacientes com doenças tireoidianas, como hipotireoidismo ou hipertireoidismo, não fazem parte do grupo de risco para a infecção COVID-19, mesmo se a causa do transtorno for de natureza autoimune, como a tireoidite de Hashimoto e a doença de Graves. Somente se essas condições estiverem descompensadas ou não tratadas é que devemos procurar um médico.

III. O tratamento do hipotireoidismo e do hipertireoidismo não deve sofrer nenhuma alteração no caso de contágio com o coronavírus. Recomenda-se que os pacientes mantenham o uso de seus medicamentos e atualizem as medidas de controle clínico, de acordo com as orientações do seu médico.

IV. Nos casos de maior gravidade, em que for necessária a internação hospitalar, é importante que a equipe médica responsável seja informada sobre o tratamento utilizado, com nome e doses dos medicamentos em uso.

V. Referente aos pacientes com Câncer de Tireoide, a maioria (aqueles tratados com cirurgia seguidos ou não de terapia com iodo radioativo e sem doença ativa) não está no grupo de risco para gravidade da infecção COVID-19 e não necessita de nenhum cuidado adicional referente às medidas de proteção ao contágio da infecção, além das orientações do Ministério da Saúde e/ou de outras autoridades competentes previamente divulgadas à população.

VI. Pacientes com Câncer de Tireoide avançado, com metástases para outros órgãos, especialmente aos pulmões, ou em uso de medicamentos específicos para o câncer (sorafenibe, lenvatinibe, vandetanibe) podem apresentar maior risco para a gravidade da infecção, tanto pela extensão da doença quanto pelos possíveis efeitos adversos dos medicamentos. Esses pacientes devem tomar mais cuidado, manterem o isolamento social e seguirem todas as demais medidas já divulgadas pelas autoridades competentes para pessoas de alto risco. Recomendamos ainda, que entrem em contato com seu médico para uma orientação individualizada.

VII. Neste momento de aflição e sofrimento coletivo, é importante mantermos a calma, a serenidade e o otimismo. Projetos de vida devem ser mantidos, embora temporariamente adiados. Estaremos mais seguros se seguirmos as orientações das autoridades e profissionais da saúde. Estabeleçam rotinas diárias em casa, mantenham atividade física mínima, alimentação saudável e evitem bebidas alcoólicas.

Prof. Dr. José Augusto Sgarbi
Presidente do Departamento de Tireoide
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia 

A Comissão de Valorização das Novas Lideranças agora está no site da SBEM!

  Gostaríamos de agradecer a todos que acompanham o blog da Comissão de Valorização de Novas Lideranças. Seguiremos trabalhando para publica...