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segunda-feira, 27 de maio de 2019

Hipotireoidismo durante a gravidez – quando e como fazer a avaliação

O hipotireoidismo durante a gravidez aumenta o risco para uma série de complicações, entre elas:
- pressão alta e pré-eclâmpsia;
- descolamento de placenta;
- parto prematuro;
- baixo peso ao nascer;
- aumento nas taxas de parto por cesariana;
- hemorragia após o parto;
- mortalidade neonatal;
- problemas no desenvolvimento neurológico do bebê.

Imagem: Wikimedia Commons
Hoje, os exames para avaliar o funcionamento adequado da tireoide são amplamente disponíveis e acessíveis. Logo, existe interesse crescente em avaliar mulheres grávidas com vistas a prevenir as complicações acima descritas.

As mulheres que se enquadram em qualquer item da lista abaixo são  candidatas a fazerem exames, por apresentarem maior risco de disfunção na tireoide:
- habitante de área com deficiência moderada ou grave de iodo (não é o caso do Brasil);
- sintomas de hipotireoidismo - alguns como cansaço, ganho de peso e intestino preso podem ser confundidos com sintomas da própria gravidez;
- história familiar ou pessoal de doença na tireoide;
- história de anticorpos anti-TPO elevados;
- presença de bócio (aumento da tireoide);
- idade maior que 30 anos;
- diabetes tipo 1;
- história de radioterapia na cabeça ou pescoço;
- história de perda fetal ou parto prematuro;
- duas ou mais gestações prévias;
- obesidade grau III (IMC maior ou igual 40 kg/m2);
- infertilidade;
- cirurgia prévia na tireoide;
- uso recente de amiodarona, lítio ou exames contrastados.

As gestantes candidatas à avaliação devem dosar o TSH no primeiro trimestre.
1- Se o TSH estiver entre o limite inferior trimestre específico da normalidade para o exame e 2,5 mUI/L, a maioria das mulheres não precisará de avaliação complementar. Exceções são as mulheres com anti-TPO positivo, história de tratamento com iodo radioativo, de cirurgia na tireoide ou radioterapia na cabeça ou pescoço. Estas merecem ser reavaliadas a cada trimestre da gestação.
2- Se o TSH for maior que 2,5 mUI/L, o anti-TPO também precisa ser avaliado. Se o anticorpo for positivo, o tratamento com hormônio tireoidiano pode ajudar a prevenir complicações.
3- Se o TSH for maior que o limite superior trimestre específico da normalidade para o exame, o T4 livre deve ser avaliado para estimar o grau do hipotireoidismo e definir a melhor forma de tratamento.

Com estes resultados em mãos, o endocrinologista avalia a necessidade de tratamento, calcula a dose mais apropriada da reposição hormonal e planeja o seguimento.

Referência:
1- Alexander EK, Pearce EN, Brent GA, et al. 2017 Guidelines of the American Thyroid Association for the Diagnosis and Management of Thyroid Disease During Pregnancy and the Postpartum. Thyroid 2017; 27:315.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista do Hospital Universitário de Santa Maria
Doutor em Ciências Médicas - Endocrinologia - UFRGS
CRM-RS 30.576 - RQE 22.991
www.facebook.com/drmateusendocrino

Texto revisado pelo Departamento de Tireoide da SBEM em 29 de maio de 2019.

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